Cerca de 2,7 milhões de famílias em todo o país aguardam na fila de espera para terem acesso ao Programa Auxílio Brasil (PAD). O dado é resultado de um levantamento recente da Confederação Nacional de Municípios (CNM) que considera a fila como a maior desde novembro do ano passado, quando o Bolsa Família foi substituído pelo atual programa federal de distribuição de renda. Em Pelotas, no entanto, a situação aparenta ser um pouco diferente. Enquanto em outras cidades, como Porto Alegre, por exemplo, tem sido comuns registros de filas nos locais de cadastro, na maior cidade da Zona Sul não há registro de grande concentração de cidadãos nestes pontos.

De acordo com o setor de Cadastro Único (CadÚnico) da Secretaria de Assistência Social (SAS), aproximadamente 35,8 mil famílias são registradas pelo serviço, totalizando 79 mil pelotenses cadastrados. Desse grupo, cerca de 39,9 mil se enquadram no perfil de pobreza e extrema pobreza, estando aptas a pleitearem benefícios sociais. Conforme dados da Secretaria Nacional de Renda e Cidadania, aproximadamente 14 mil famílias são beneficiárias do programa Auxílio Brasil no município. À informação, contudo, vale acrescentar uma vírgula: o número pode apresentar defasagem de até três meses.

Relatório mensal feito pela SAS aponta que em junho 13.533 famílias foram beneficiadas com o Auxílio Brasil e o Benefício Extraordinário _ criado para garantir que todas as famílias beneficiárias recebam a quantia de R$ 400. Isso significa um valor total repassado de R$ 3.216.557 e um benefício médio de R$ 237,68. Juntos, os dois programas totalizam R$ 5.756.742, com benefício médio de R$ 404,24.

Mesmo assim, tanto o ex-secretário da SAS José Olavo dos Passos _ ouvido pela reportagem dias antes de deixar o cargo _ quanto o coordenador do CadÚnico, Maicon Machado, afirmam não haver precisão no número represado. "Não tem como dizer com certeza qual a demanda reprimida por Cadastro Único para acessar o Auxilio Brasil tendo em vista que muitas famílias estão acessando", explica Machado. Sobre os atendimentos, a avaliação é de que há boa capacidade, com cerca de 150 pessoas por mês na sede da secretaria. Já nas três unidades dos Centros de Referência de Assistência Social (Cras), aproximadamente 400 pessoas são atendidas mensalmente.

Desconhecimento do direito

A SAS assegura não existirem registros de pessoas que tentam fazer o cadastro no programa social em Pelotas e não conseguem. A pasta, entretanto, não desconsidera a possibilidade de que ainda existam famílias que não sabem que possuem direito a acessar o benefício e, aos poucos, possam procurar o serviço.

A avaliação da SAS vai ao encontro do visto pela reportagem. Durante alguns dias das últimas semanas, a equipe do DP percorreu bairros da cidade e conversou com moradores e não encontrou famílias com problemas de acesso ao Auxílio Brasil. Por outro lado, houve relatos de pessoas em aparente situação de vulnerabilidade que afirmaram não ter procurado o CadÚnico ou que não sabiam se tinham direito a acessar o programa.

Recadastramento

Diante do movimento intenso em algumas cidades do país nos últimos dias em busca da atualização do cadastro, o governo federal estendeu o prazo para a regularização da situação até outubro.

Como acessar o Auxílio Brasil?

Para se candidatar é necessário que a família esteja inscrita no Cadastro Único para Programas Sociais do governo federal, com dados atualizados há menos de dois anos, além de atender aos critérios de renda e condicionalidades do programa.

Para realizar a inscrição no CadÚnico, um representante da família deve procurar a sede da Secretaria de Assistência Social, localizada na rua Marechal Deodoro, 404, de segunda a quinta-feira. Os Cras Areal, Três Vendas e Fragata também realizam o serviço.

Outra maneira é através do aplicativo Meu CadÚnico. Depois de realizado o cadastro pela internet, o usuário terá até 90 dias para confirmar as informações presencialmente no CadÚnico do município ou nos Cras.